A Copa das Confederações que termina amanhã, dia 30 de junho, será lembrada, por muito tempo, como o evento que fez com que o povo brasileiro voltasse às ruas. Não para celebrar os feitos nos campos de futebol. O torneio foi um verdadeiro catalisador da ebulição social que tomou conta do país nas últimas duas semanas.
Mesmo com tanto significado social, a Fifa preferiu ignorar a importância das manifestações. Fingiu não sentir o baque de lojas e estandes de seus patrocinadores depredados. De confronto entre manifestantes e policiais em áreas próximas aos estádios – e em dia de jogo. E, principalmente, de manifestações de parte da população repudiando os gastos do país com o evento e pedindo "saúde e educação padrão Fifa" – em alusão direta às exigências da entidade, principalmente, em relação aos caros estádios construídos para a Copa do Mundo de 2014.
Em entrevista coletiva no Rio de Janeiro, para fazer um balanço da Copa das Confederações, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse o torneio é um sucesso e que as manifestações engrandeceram a entidade. "A Fifa sai maior deste torneio", afirmou ele, quando perguntado sobre os possíveis impactos dos protestos na imagem da Federação Internacional de Futebol.
Ao falar sobre a organização da Copa das Confederações, Blatter também minimizou os efeitos das manifestações. Respondeu que, segundo todos os relatórios que recebeu até o momento (ainda faltam duas partidas para o final do torneio), a competição foi bem sucedida. "O Brasil passou no teste. Isso, aliás, foi muito mais que um teste. Foi a Copa dos Campeões", disse Blatter. "Posso dizer que o torneio foi exitoso."
Nem todos, porém, devem pensar assim. Ainda na primeira fase do torneio, a própria entidade questionou o Governo Brasileiro em relação à segurança. Na época, os protestos no Brasil estavam em seu auge de intensidade. No dia 20, mais de um milhão de pessoas, em todo o país, saíram às ruas em manifestações – é verdade que o foco dos protestos era o transporte público, mas a Copa do Mundo entrou naturalmente na pauta de reclamações, graças aos custos de R$ 28 bilhões do Mundial.
Como já tinha feito anteriormente, o presidente da Fifa declarou que entende os protestos da população brasileira. Em suas respostas, contudo, deu o entender que não considera justas as reclamações contra a entidade máxima do futebol. Ele afirmou que a Fifa está no Brasil para "ajudar". Relembrou também que todas as exigências da entidade para a Copa das Confederações e Copa do Mundo eram conhecidas em 2007, quando o Brasil ganhou o direito de sediar os eventos.
Essa falta de correspondência entre o discurso de Blatter e a percepção popular também acontece na relação Fifa e Governo Brasileiro – que nunca foi excelente e piorou ainda mais durante o torneio. O Ministério das Comunicações, por exemplo, já critica a Fifa em relação a problemas nos serviços de telecomunicações. Cobra agilidade em decisões da entidade.
O comportamento de pessoas chaves do Governo mostra isso. Na semifinal entre Brasil x Uruguai, por exemplo, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, assistiu à partida no mesmo camarote de Blatter. Os dois não se cumprimentaram em público. Nesta sexta-feira, vale lembrar, os dois se sentaram lado a lado para o balanço do torneio.
O resumo disso parece ser simples: para a Fifa, o que importa é o que acontece em campo. A média de gols recorde. O sucesso de público. O número de títulos mundiais que os quatro semifinalistas conquistaram. Sobre o que acontece fora dos estádios, a saída é seguir o conselho que o próprio Blatter deu no sábado: "Pergunte ao povo".
FONTE: Copadomundo.uol.com.br
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