Apesar de formarem 50,7% da
população brasileira, os autodeclarados negros ainda são minoria entre os
formados no ensino superior. Na carreira de medicina, apenas 2,66% dos
concluintes em 2010 eram pardos ou pretos. O estudo foi feito pelo Inep
(Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), a pedido do UOL, com as
informações dos alunos que fizeram Enade.
Dos universitários que fizeram Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) em 2010, apenas 6,13% se declaravam pretos ou pardos. Em 2009, o índice foi ainda menor: 5,41%.
Desempenho
Quando analisado o desempenho
dos estudantes no exame nacional, os estudantes negros têm nota 1,7% menor do
que os alunos não negros. "O
desempenho é muito próximo, mostrando que eles superam as dificuldades que
tiveram no ensino básico com muita dedicação", considera Luiz Cláudio.
De acordo com o presidente do
Inep, a diferença entre alunos negros e não negros é maior na educação básica,
mas tem diminuído. "Isso se explica
por uma série de razões. Há uma grande correlação entre alunos negros e escola
pública. Às vezes a educação é de baixa qualidade, existe a defasagem idade
série, muitas vezes esse estudante tem que trabalhar e estudar", lista
o presidente do Inep.
No caso das universidades
públicas que adotam cotas, o antropólogo Jocélio Teles salienta que é preciso
um trabalho paralelo da instituição para que o estudante possa superar
completamente as diferenças em relação a alunos de boas escolas particulares.
"O que as universidades precisam pensar, e parece que poucas pensaram, é
o que se chamou de permanência dos estudantes. É preciso que eles tenham cursos
de línguas, que haja programa de monitoria e de tutoria para esses estudantes",
afirma Teles.
Acesso
O Censo 2010 mostrou que na
população de faixa etária entre 15 e 24 anos, 31,1% dos brasileiros brancos
frequentavam a universidade. Entre a população parda e preta, os índices são
muito menores: 13,4% e 12,8%, respectivamente.
Em 2012 foi assinada a Lei de
Cotas, que criou a reserva de 50% das vagas em universidades federais para
estudantes de escolas públicas a partir de 2016. Em respostas aos pedidos de
políticas afirmativas raciais, a distribuição das reservas se dará de maneira
equivalente à representação demográfica das raças no Estado.
Para o antropólogo, a Lei de
Cotas não resolve o problema de acesso dos negros no ensino superior, apenas
democratiza o ingresso em universidades públicas. "Ainda estamos falando de selecionar uma pequena parte dos estudantes
que têm condições de ingressar na universidade. Há muito mais alunos na escola
pública do que essas vagas disponíveis."
FONTE: Educacao.uol.com.br
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