O resultado da edição de 2013 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deve sair na primeira semana de janeiro do ano que vem, afirmou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, em entrevista coletiva na noite deste domingo (27).
No edital que traz as regras do exame, a divulgação das notas ainda estava em aberto. Segundo ele, dos mais de 7,1 milhões de inscritos, mais de 5 milhões compareceram nos dois dias de prova, e a taxa de abstenção ficou em torno de 29%. No ano passado, ele lembrou que a abstenção foi de 27,9%, e considerou o índice deste ano como dentro da média.
Além dos candidatos que faltaram ao exame, Mercadante afirmou que, no total, 36 candidatos foram eliminados por postarem na internet fotos feitas dentro das salas de prova: 24 no sábado e 12 no doming. "Tivemos mais 12 jovens que postaram fotos do cartão, por mais que fizéssemos as advertências. Excluimos. Até o momento, tivemos 36 excluídos", disse o ministro.
Ele destacou que houve uma redução do número de eliminados registrado em 2012, quando 65 estudantes perderam o Enem ao serem flagrados descumprindo a regra do edital sobre o uso de equipamentos eletrônicos.
"Monitoramos quase de dois milhões de 'twittes' que foram mencionados ao longo destes dias em torno do Enem. A equipe continuará trabalhando, acompanhando. A internet é muito utilizada pelos jovens que participam do Enem", disse o ministro, lendo, em seguida, uma mensagem de um estudante em redes sociais que alertava para a "vigilância" feita pelo governo.
"A rede se deu conta que vamos continuar fiscalizando. Qualquer infração, será penalizada com a eliminação do Enem. A qualquer momento que mostra que alguma cláusula do edital foi violada, poderá ser eliminado da prova", disse o ministro da Educação.
Segundo ele, "agora vamos começar uma nova fase, que é a correção das provas". "Tomamos medidas para termos mais rigor, principalmente nas redações", disse Mercadante.
O ministro destacou alguns casos emblemáticos na edição de 2013 do exame, como a morte do estudante Fernando Ximenes, que se envolveu em um acidente de trânsito a caminho da prova do sábado, e da candidata Elaine da Silva, de 20 anos, que estava grávida e no primeiro dia de provas entrou em trabalho de parto. Ela foi levada ao hospital e deu à luz uma menina, que chamou de Luna Kimberly.
"Ele [Fernando] estava indo para um exame. Uma carreta na contramão colidiu com a moto em que ele estava. A gente vê isso com muita tristeza. Queremos expressar os pêsames aos familiares. Teve o lado alegre, o nascimento do filho de uma aluna. Nasceu ontem no Piauí.
Outra jovem teve fortes contrações no Rio de Janeiro e fez questão de terminar a prova. Teve uma médica ao lado assistindo", afirmou o ministro. Segundo ele, assim que terminou a prova deste domingo, ela foi levada a uma maternidade.
Neste domingo, relatos de candidatos e candidatas transexuais que enfrentaram constrangimento e chegaram a perder tempo da prova no sábado porque os fiscais desconfiaram de seus documentos, que continham seu nome civil, mas não o nome social.
"Nunca tivemos nenhum problema sobre essa questão. Transexuais, bissexuais, que façam o exame. O grande objetivo do Enem é a inclusão, com total respeito à identidade e diversidade. Se esta questão, de fato, tiver uma demanda, sentaremos com a entidade que os representa e dialogaremos com eles para ver se é necessário ter um procedimento especifico. Se for possivel, respeitando a segurança, poderemos fazer [mudanças no formulário]", afirmou ele.
Redação sobre Lei Seca
O ministro da Educação também fez comentários sobre o tema da redação que, neste ano, abordou os "efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil”. A lei foi implantada em 2008 e se tornou mais rígida em 2012.
De acordo com Mercadante, não houve "ninguém" que tenha apontado este tema previamente. "É um tema que dialoga com a juventude, com a cidadania. Com quatro textos argumentos. O estudante precisa desenvolver o tema a partir das informações que recebe na hora. Isso permite uma reflexão a partir deste subsídios", afirmou.
Transporte de estudantes
Mercadante também foi questionado sobre os estudantes que tiveram de fazer a prova em municípios onde não residem. Ele lembrou que a prova foi aplicada em 1.661 municípios do total de 5.665 existentes no Brasil. "Eles tiveram de fazer deslocamento, mas sempre dentro de um raio de 30 quilômetros. Dependendo dos distritos, tem mais comodidade quem se inscreve primeiro", afirmou.
O ministro disse também que há uma solicitação pública para que se garanta "toda oferta de transporte possível", mas acrescentou que a responsabilidade de chegar nos locais das provas é dos estudantes.
"Eu vi gente que chegou horas antes [da prova]. O imprevisto faz parte do planejamento das pessoas. Às vezes o carro quebra, tem congestionamento. Não temos como lidar com todas estas situações. As pessoas têm de se planejar, ter cautela. Sempre vamos tentar aprimorar nossa parte, mas o planejamento e cautela também fazem parte da preparação para o Enem", declarou.
Gasolina com 'z'
Mercadante também abordou a questão da prova de ciências humanas que trouxe, no texto de uma charge, a palavra "gasolina" escrita com Z. A questão foi a mais comentada pelos candidatos e acabou virando piada nas redes sociais.
"Nós tinhamos ali uma charge de 1960 que contextualizava exatamente o tema da pergunta. E que estimulava uma certa reflexão da história. Não só gasolina estava com 'Z', que era dentro de uma expressão supostamente mencionada por JK, e tem um jeca, que usa 'doutô'. Claramente se trata de uma charge. Se trata de uma linguagem artistica. Como pode o Inep alterar uma obra de arte? Em uma charge, a linguagem pode fazer parte da crítica."
O ministro lembrou de outros casos em que a palavra recebeu a mesma grafia. "Se fôssemos lidar com essa questão, teríamos de considerar que no jornal O Globo gasolina foi utilizada com a letra 'Z'. Há 134 mil citações em nossa pesquisa de gasolina com 'Z'. Na Folha de São Paulo encontramos da mesma forma, citações históricas, 2.840 citações.
No Estado de São Paulo vimos 2.300 citações, concentradas nos anos 10, 20 e 30, reproduzidas posteriormente citando o contexto histórico. Se esse argumento vale, a imprensa brasileira estaria cometendo o mesmo deslize.
O autor do livro defendeu que, em seu livro, mantenha o original. Esse é um belo debate pedagógico. Quando a gente olha para a história. Nossa opção foi manter a charge como ela foi feita."
FONTE: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário