Mais da metade das redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
deve passar por um terceiro corretor neste ano. A estimativa é do próprio
Ministério da Educação (MEC), que tornou mais rígido o sistema de correção.
As redações são corrigidas por dois corretores e, quando há
discrepância, seguem para a terceira leitura. Com as novas regras - que
diminuem o limite dessa variação de nota -, o MEC estima que 52% dos textos
devam passar pelo terceiro corretor, contra 21% em 2012.
Para isso, a pasta anunciou nesta quinta-feira, no lançamento do guia da
redação do Enem, um aumento de 70% no número de corretores. Farão parte da
banca de avaliadores 9,5 mil profissionais.
A redação tem sido o ponto mais polêmico do Enem. No ano passado, o MEC
passou a permitir que o estudante tenha acesso ao texto corrigido. Desde então,
surgiram redações nota máxima com erros e composições com deboches - um deles
trazia uma receita e outro, o hino de um time. Agora, provas com deboche serão
zeradas.
Já os "desvios gramaticais serão aceitos como excepcionalidade e
quando não caracterizarem reincidência". Como exemplo, foi mostrado o
texto de uma estudante que escreveu "espanhóis" três vezes, uma dela
incorretamente. "O entendimento dos nossos especialistas é que isso mostra
o completo domínio da norma culta. Você tem uma pessoa jovem sob pressão",
disse Luiz Claudio Costa, presidente do Instituto Nacional de Estatísticas e
Pesquisas Educacionais (Inep).
Guia. Se a discrepância entre os dois primeiros corretores for de mais
de 100 pontos, em um total de mil, o texto seguirá para o terceiro. Diferença
superior a 80 pontos em uma das cinco competências avaliadas também levará o
texto à revisão.
O professor Francisco Platão Savioli, supervisor de redação do Anglo,
entende ser positivo os textos passarem por mais corretores. "Três olhares
vão ver mais detalhes, leva a uma avaliação mais aguda", diz ele, docente
aposentado da USP.
No Enem, os corretores fazem parte da formação a distância e as
correções, em casa. Neste ano, a capacitação será ampliada de 108 para 136
horas.
Guia dos textos
Avaliação. Dois corretores dão notas entre 0 e 200 para cada uma das
cinco competências avaliadas. A nota final varia entre 0 e 1.000.
Discrepância. A diferença máxima entre as notas é de 100 pontos - até
2012, o limite era de 200. Além disso, a diferença nas competências não pode
passar de 80 pontos.
Outra opinião. Ultrapassado o limite, o texto é levado a um terceiro
corretor. Caso persista a discrepância, a avaliação será feita por uma banca
com três professores.
Nota zero. Desenhos, palavrões, fuga total do tema, desrespeito aos
direitos humanos e textos com menos de sete linhas anulam a redação.
FONTE: UFCG
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